Com a estreia da aguardada série “The New Look”, na AppleTV+, no último mês, os nomes de Coco Chanel (1883-1971) e Christian Dior (1905-1957) ganharam ainda mais os holofotes. Dois dos principais estilistas de renome mundial, com um legado e influência presentes nos dias de hoje, são os protagonistas da série baseada em fatos reais que retrata a relação dos dois com os nazistas em meio a 2ª Guerra Mundial, durante a ocupação da França. A produção ainda traz nomes como Pierre Balmain e Cristóbal Balenciaga.
O elenco estelar com Juliette Binoche, interpretando Chanel, John Malkovich, como Lucien Lelong, Ben Mendelsohn, como Dior, e Glenn Close deixa a série ainda mais interessante com enredo intrigante do início ao fim de cada episódio, sem contar o figurino impecável. Aliás, tema que a figurinista Karen Muller Serreau retratou com primor: ela acessou o Dior Heritage, acervo da marca com designs anteriores, teve contato com amostras de tecidos, ilustrações de coleções e matérias da imprensa da época. O resultado já é apresentado logo nos primeiros minutos da série e é de arrancar suspiros.


A trama narra a intrigante relação de Chanel com os nazistas, que já foi documentada nos livros “Dormindo com o Inimigo – A guerra secreta de Coco Chanel”, de Hal Vaughan, e “O Segredo do Chanel Nº 5”, de Tilar J. Mazzeo. A estilista, na época da guerra, havia fechado sua loja e vivia no hotel Ritz, um dos QGs dos oficiais alemães, e acabou se envolvendo com um espião e chegou a atuar como agente para os nazistas. Na pele da estilista francesa, Binoche é capaz de gerar sentimentos dúbios nos telespectadores pelas atitudes de Chanel.
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"Séries que valem assistir pelo celular para printar os looks de muitas cenas."
@Daniela Gaia
Já Dior, aparece como um tímido e reservado estilista que trabalha no ateliê de Lucien Lelong desenhando vestidos que são vendidos às esposas e acompanhantes dos alemães, o que acaba gerando questionamento logo no início da série, quando o francês participa de uma palestra na Universidade de Sorbonne, em Paris. “Quem sobreviveu ao caos da guerra, os dias mais sombrios de nossas vidas… Sim, vendemos roupas para as namoradas dos nazistas. Existe a verdade, mas sempre existe outra verdade que vive por trás dela”, se justifica, já que precisava do dinheiro para ajudar a irmã caçula Catherine que fazia parte da resistência francesa.
Com dez episódios, divulgados semanalmente às quartas-feiras até o dia 03 de abril, na Apple TV+, a série traz um recorte interessante da história e proporciona um mergulho na vida de dois ícones que quase 80 anos depois continuam influenciando a moda e estilo da sociedade com o legado de suas marcas.

Lançamentos
Outro nome de sucesso é Karl Largerfeld (1933-2019), designer alemão que faleceu aos 85 anos, e que terá sua vida e obra retratada na nova série do Disney+ que estreia este ano, no dia 07 de junho, em 6 episódios. Quem interpreta o kaiser da moda é o ator Daniel Brühl. A série será ambientada nos anos 1970, em Paris, e mostra a ascensão do estilista.

Lagerfeld atuou por 50 anos como diretor criativo da Chloé e da Fendi, mas foi à frente da Chanel que ganhou fama internacional. O estilista foi o responsável por atualizar a marca fundada por Coco Chanel e tirá-la do esquecimento. Além disso, lançou coleções collab com lojas fast-fashion, como H&M, e a brasileira Riachuelo, com peças assinadas por ele e com preço acessível trazendo sua estética pop e rockers. O resultado? Peças esgotadas em questão de horas. “Becoming Karl Lagerfeld” promete ser mais um sucesso da plataforma de streaming da Disney.
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Cristóbal Balenciaga

A série retrata a ascensão do estilista espanhol Cristóbal Balenciaga (1895-1972) no período que viveu em Paris. Avesso aos holofotes, Balenciaga não aparecia durante os desfiles que promovia em sua Maison, e muito menos, dava entrevistas. Sua existência chegou a ser especulada. A série, dividida em 8 capítulos, mostra os dilemas criativos do estilista para encontrar sua própria assinatura nas roupas, o sucesso que ele fez entre as celebridades da época, a amizade conturbada com Coco Chanel e o surgimento do nome que abalou a história da moda, Christian Dior.
Os horrores, incertezas e medos vividos durante a 2ª Guerra Mundial também são pano de fundo de alguns capítulos da série, e retrata um Balenciaga “apolítico” – como ele mesmo se define – para conseguir sobreviver, traficando tecidos da Espanha para seguir fazendo vestidos em Paris. O surgimento do prêt-à-porter e do mercado de cópias são temas explorados na série, assim como o amor platônico pelo jovem estilista Hubert Givenchy. Dedicado ao ofício, perfeccionista ao extremo e apaixonado pelo que fazia, Balenciaga era um verdadeiro artista e marcou a história da moda com sua criatividade e olhar de vanguarda. Não à toa se tornou o rei da alta-costura.
Disponível na Star+
Made in Italy (2020)

A efervescente década de 70 em Milão, Itália, e a inquietante estudante universitária Irene Mastrangelo (Greta Ferro) são protagonistas desta série que apresenta a transformação da cidade italiana na “capital mundial da moda”.
A rotina na revista de moda Appeal é o cenário para contar a história de nomes de estilistas até então em crescimento ou muitas vezes conhecidos apenas localmente no País, como a moda de vanguarda de Giorgio Armani, o grafismo colorido artesanal de Missoni, o glamour de Valentino, além de Miuccia Prada, Versace, entre outros.
Com enredo água com açúcar, o ponto alto são os arquivos da época sobre os estilistas que são usados na série, uma oportunidade para reviver um pouco da história das grandes casas de moda. A maioria das peças usadas nas cenas foi emprestada pelas maisons para deixar a série ainda original, assim como as joias da Bvlgari.
Disponível na Max (antiga HBOMax)
Halston (2021)

Densa, a trama mostra o sucesso e o declínio do estilista norte-americano Halston que foi destaque na década de 1970, mas muito pouco lembrado pela história. Seu nome passou a ser conhecido depois que Jaqueline Kennedy apareceu usando um chapéu, o modelo “pill box” criado por ele na posse do marido John Kennedy, em 1961.
Interpretado por Ewan McGregor, o estilista teve sua história conturbada em meio às drogas e sexo, mas fez muito sucesso por ter clientes importantes como a cantora Liza Minnelli que acabou se tornando amiga e confidente. Em plena era disco, as silhuetas sensuais, o glamour e o uso do chiffon marcaram suas criações.
Considerado uma celebridade, Halston foi um dos primeiros estilistas a assinar com loja de departamento, com produções prêt-à-porter de baixo custo, sendo uma importante influência para a moda americana na época e criando uma tendência que seria seguida anos depois. Mas tal feito não agradou outras parceiras do estilista que em retaliação retiraram suas peças das araras. Halston acaba vendendo sua marca e perde o direito de usar seu próprio nome até a sua morte, em 1990, vítima de complicações da Aids.
Disponível na Netflix
Muito Ralph: Vida e Obra de Ralph Lauren (2019)

Atualmente com 84 anos, o estilista Ralph Lauren tem sua carreira e obra reverenciada neste documentário que celebrou seus 50 anos de carreira. Nascido no Bronx, em Nova York (EUA), em uma família judia, Ralph sempre se mostrou um homem à frente do seu tempo: não gostava das roupas disponíveis no mercado e pedia para um alfaiate customizar suas peças. Daí nasceu seu faro para moda e olhar único que foi determinante para se tornar o símbolo do estilo norte-americano.
Muito mais do que o criador das famosas camisetas gola polo, Ralph Lauren é um dos nomes de vanguarda da moda em vários aspectos: criando um estilo que vai do básico ao sofisticado e muito atemporal. E mais do que moda, ele começou a vender um estilo de vida, sendo o primeiro estilista a criar coleções para casa, lançando uma tendência presente até hoje.
A produção conta com depoimentos do próprio estilista e sua família, além de funcionários, amigos, e personalidades da moda, como Calvin Klein, Karl Lagerfeld, Anna Wintour, Naomi Campbel.
Disponível na Max (antiga HBOMax)